24 maio 2007

O despotismo da senhora

Não tenho por hábito falar ou assumir uma posição antes de perceber o que está, de facto, a acontecer num determinado processo. Contudo, sinto que esta história do professor suspenso preventivamente (que pelos vistos já não está) pela responsável máxima da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN).

Os pormenores acerca do episódio não são claros. Ao que parece, o senhor disse uma piada, "dentro de um gabinete", como fez questão de realçar aos órgãos de comunicação social, a um seu amigo desde há 15 anos. Logo por azar, este amigo é, também, assessor da dita directora.

Ora, pelos vistos, o senhor amigo não o era assim tanto e foi logo fazer queixinhas à patroa, qual miúdo do 1º ciclo que não perde uma para pôr em cheque os seus colegas.

Diz então o suspenso que já não está suspenso, Fernando Charrua, que numa segunda-feira chegou à DREN e tinha o seu computador bloqueado. Foi chamado à directora. Será que era para ser açoitado, ou para levar uma reguada? Seria bem à moda antiga, num daqueles hábitos comuns nos tempos do maior português de sempre (segundo a votação anunciada pelo polémico programa da RTP), mas que se foi extendendo pelos tempos, até que agora parece que são os professores que levam pancada dos alunos.

Bem, adiante. O comunicado da DREN diz: "A directora regional entende que é inadmissível que um professor se expresse nos termos em que aquele o fez, seja sobre o primeiro-ministro ou sobre qualquer outra pessoa."

Fernando Charrua admitiu, na altura da abertura do inquérito que fez um "comentário jocoso a um colega", "retirado do "anedotário nacional do caso Sócrates/Independente".

Enfim, uns dizem que foi insultuoso, o outro admite que foi apenas uma piada. Agora vem a público o Presidente da República dizer que o assunto deve ser "rapidamente esclarecido" e o Primeiro Ministro sustenta que ninguém é sancionado por delito de opnião. Seja assim ou não, o certo é que a situação aconteceu e o tal professor, que parece que até já foi deputado do PSD e diz-se, agora, alvo de perseguição política (enfim, as politiquices de merda do nosso país que continuam a descredibilizar os políticos, se é que isso ainda é possível) chegou a ser suspenso preventivamente.

Na minha humilde opinião, esta questão não é mais do que um abuso de autoridade por parte de uma senhora que deve pensar que tem o "rei na barriga" e quis mostrar que é poderosa. Na verdade, o advogado António Marinho considera todo este processo como uma "autêntica aberração jurídica". E justifica: "Se a piada que o funcionário disse foi ofensiva para a honra do primeiro-ministro, então ele deve ser sancionado nos tribunais. Agora, não pode ser sancionado no plano disciplinar por um funcionário que não tem nada a ver com aquilo."

Sinceramente, esta senhora devia ter vergonha na cara e pedir desculpa. Era o mínimo que poderia fazer para se redimir pois, afinal, a piada nem era sobre ela. Mania de algumas pessoas têm de se meter na vida dos outros...

Ah, mais grave ainda, é que por esse país fora há mais algumas pessoas com complexos sei lá do quê. E, por sinal, até tinham funções semelhantes às da senhora.

Sinto falta de pessoas honestas, sinceras e com bom senso neste mundo.

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