29 novembro 2007

sem notícias

Tenho uma série de coisas para dizer, mas agora falta-me tempo. Se puder ainda digo alguma coisa durante o fim-de-semana. Se não for possível, talvez lá para o início da semana.

Agora dizem-me. Mas que raio, e o que nos interessa isso? Talvez nada, bem sei, mas apeteceu-me dizer. Peço desculpa pelo inconveniente... ehehehe

Ah, é verdade. Se porventura não der notícias entretanto procurem-me pelos lados de Fronteira, uma pequena mas bonita vila norte alentejana, porque posso ficar por lá congelado com o frio que se faz sentir.

28 novembro 2007

net amiga do ambiente

O Google já não existe só com o fundo branco e com as letras coloridas. Desde há alguns meses, uma das empresas de maior sucesso desde que apareceu a Internet, criou um motor de busca amigo do ambiente... ou pelo menos não tão nocivo. O Blackle é o Google mas em versão "eco-friendly". Os seus criadores defendem que uma página de computador com fundo branco gasta mais energia do que uma com o fundo preto. Essencialmente, a diferença é essa. Eu já faço do Blackle a minha "homepage".

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Para além do Blackle, a mesma empresa também já tem as Blackle Pages, que mais não é do que uma espécie de páginas amarelas mas de empresas, serviços ou produtos amigos do ambiente. Os criadores das Blackle Pages garantem que se eu tiver uma empresa e a listar no sítio ganharem uma exposição enorme perante milhões de consumidores conscientes. Ou seja, colocamos lá a empresa, a associação, o organismo, o produto ou o serviço e este passa a constar de um motor de busca imenso. É curioso que, após uma procura simples dei logo de caras com a Quercus, com um restaurante japonês ou com um hotel de turismo rural.

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novas regras

Quando criei o "Domingo de Manhã" decidi dar voz a toda a gente, mesmo quem decidisse não assinar. Agi de boa fé, acreditei que ninguém utilizaria o escudo do anonimato para atacar o autor deste blogue, eu mesmo, independentemente dos defeitos e virtudes que possa ter.

Assim, a partir de agora só os utilizadores registados podem participar activamente na construção deste espaço que é meu, mas que pode ser acedido por todos aqueles que queiram exprimir-se. Para tal basta um registo. Bem sei que quem quiser esconder-se o continuará a fazer. Basta criar um registo falso. Eu próprio assino como Sunday Morning, bem sei. Mas, ainda assim, tudo será diferente. Como agora comentar implica um registo, pode ser que as acusações gratuitas ou as críticas destrutivas (porque as construtivas são e serão sempre bem vindas) se dissipem na preguiça de preencher um formulário online.

27 novembro 2007

praticamente confirmado

Recebi a notícia na passada quarta-feira. No próximo ano, logo no início, vou ter um grande desafio profissional. Qual é? Fazer a reportagem do Lisboa-Dakar in loco. A grande maratona, a maior prova de todo-o-terrenono Mundo, é estimulante para pilotos, equipas, mas também para jornalistas. Vão ser 15 dias a trabalhar no deserto, com pó, areia, calor (mas também haverá frio à noite em Marrocos).

Sei que no meio daquele mundo serei um privilegiado. Afinal, ao contrário dos pilotos, farei as viagens, de etapa para etapa, de avião. Mas, como tantos outros comerei no bivouac (acampamento) onde, por sinal, já me disseram que a comida é muito boa, dormirei em tendas e, por fim, terei de tomar banho em duches improvisados. É a única coisa que não me agrada porque, como já me disseram: "ao fim de 34 segundos estás novamente sujo". Enfim, o que tem de ser tem muita força.

Vão ser duas semanas longe de casa e, em especial, da Paixão. Sentirei muito a falta e isso é sabido por quem de direito. Mas a C. também sabe que, trabalhando nesta área, poder fazer a cobertura jornalística de uma prova como o Lisboa-Dakar é muito encorajador em termos profissionais. Digamos que se trabalhasse num órgão generalista também não diria que não quando me propusessem fazer a reportagem de um conflito armado qualquer, ou uma grande reportagem sobre o tráfico de droga ou, simplesmente, o carvão (ouvi uma reportagem na TSF sobre este assunto que estava magnífica).

É essa a essência desta profissão. Procurar, incessantemente, a notícia, uma excelente reportagem!

bem vindos amigos

Este fim-de-semana foi rico em criação de blogues. Refiro-me a espaços virtuais originados por amigos, claro está. Se a nível global a tendência foi essa ou não, isso jã não sei. E para ser sincero, também não me interessa.

Pois bem, um deles tem por nome qualquer coisa ácida, mas é só metade... Na verdade, o "Meio limão" mais não é do que o resultado de alguém que depois de beber duas garrafas de vodka de um trago só se dá ao luxo de dispensar um belo bife de vaca e ficar por uma simples salada (ou como se diz em alguns locais, uma simples "slada").

O "SA GANG" é um espaço de encontro de um grupo bastante unido que fez de Coimbra a sua casa. Loucuras e aventuras à parte, este espaço perderia graça. Afinal eles são mesmo loucos e desvairados! :)

Ah, não posso deixar de salientar que serei uma espécie de penetra do gang...

as obras completas de William Shakespeare em 97 minutos

São quase três horas a rir desbragadamente. As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos (que título longo, acho que é a primeira vez que faço um título com duas linhas no "Domingo de Manhã") são excepcionais. O autor inglês (o Gil Vicente de Inglaterra, como já ouvi dizer) pode ser genial, mas esta peça humorística, este compêndio das criações literárias do dramaturgo britânico é igualmente brilhante.



Podia discorrer um sem número de considerações acerca da peça, mas prefiro não o fazer. Porquê? Porque o espectáculo é estupendo e merece ser visto. Posso afirmar que os 20 euros são muito bem empregues. Vale bem a pena. Pareço um comercial a tentar vender um qualquer produto, um aspirador das tele-vendas, ou outra coisa qualquer, mas não. As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos são, simplesmente, de bradar aos céus a rir!!!

A peça está em cena todas as segundas e terças-feiras às 21 horas no Teatro Estúdio Mário Viegas. Com uma presença activa e regular nos palcos de todo o país desde há 12 anos, por responsabilidade da Companhia Teatral do Chiado, As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos são um sucesso tremendo, como provam os mais de 175 mil espectadores que já viram. É certo que não são espectadores únicos, porque há pessoas que já repetiram a dose mais do que uma, duas ou mesmo três vezes. Mas, mais uma vez, isso só abona a favor deste excelente espectáculo de teatro.

Ah, e para os subsidio-dependentes, que passam o tempo a queixar-se, se calhar está na hora de olharem para este excelente exemplo e encenarem obras interessantes. Podem ser complexas e obrigar a pensar, mas também podem ter algo de atraente. Sim, porque o problema é que a maioria das peças subsidiadas só servem para meia dúzia de pseudo-intelectuais satisfazerem o seu ego... Actores, encenadores e afins devem lembrar-se sempre que têm responsabilidade social. Como tal, têm de trabalhar a cultura para a realidade nacional e não para os seus umbigos. Talvez assim não precisassem de choramingar tanto e fossem reconhecidos pelo excelente trabalho qyue por vezes é realizado como acontece com a Companhia Teatral do Chiado.

Já agora, este grupo de teatro tem mais duas peças em cena. Ainda não as vi, mas tenho curiosidade. Além disso tive sorte. Como fui ontem ao espectáculo, no dia em que As obras completas de Williams Shakespeare em 97 minutos fizeram 12 anos em Portugal, o meu bilhete dá direito a um convite para qualquer uma dos espectáculos no espaço de um ano. Quem quiser mais informações sobre a companhia e as respectivas peças de teatro clique nas ligações espalhadas pelo texto.

20 novembro 2007

o corpo humano é tão indiscreto

Sabiam que engolimos, todos os dias, mais de um litro de ranho? E sabiam que o leite é um dos alimentos que mais provoca flatulência?

Se não sabiam, então está na hora de darem um saltinho ao Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, em Lisboa, que lá está tudo explicado.

Direccionadam principalmente, para as crianças, os adultos não a podem perder. Ainda lá não fui, mas quando ouvi uma reportagem na rádio fiquei curioso. Agora que vi a reportagem ganhei ainda mais vontade de perceber como é que tudo funciona.



A exposição chama-se Knojo e funciona todos os dias, à excepção de segunda-feira. Durante a semana está aberta das 10h às 18h e nos fins-de-semana, das 11h às 19h. O preço para adultos é de seis euros. Há ainda bilhetes para crianças e para grupos. Mas para isso, é melhor darem um pulo ao sítio do Pavilhão do Conhecimento. A ligação directa para esta iniciativa está aqui

é quase o fim do Mundo

Preparem-se, criem abrigos, bunkers, tentem sobreviver. Aproveitem a Internet ao máximo nos próximos dois anos porque depois, em 2010, pufff... é o apocalipse, o caos!!!



O tom dramático poderia ser retirado de um qualquer filme americano que prevê o fim do Mundo, não era? Mas não, é bem pior. Um estudo de uma empresa independente de análise (que raio de caracterização), a Nemerter Research, prevê que será no virar da década que a capacidade da Internet se esgotará. As razões? O forte crescimento de conteúdos audiovisuais. E a solução? Fazer um investimento de 137 mil milhões de dólares (93,49 mil milhões de euros). Com a moda das petições pela net, estou em querer que ainda vai haver uma colecta virtual para salvar o ciberespaço...

Eu contribuo, quero manter o "Domingo de Manhã"!

19 novembro 2007

chega de diálogo

O "Domingo de Manhã" é um espaço criado por mim onde expresso alegrias, tristezas, desabafos, dúvidas, certezas, enfim, um sem número de coisas relacionadas comigo.

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No entanto, recentemente quase caí no erro de criar diálogos neste blog. Esta não é, de todo, a minha intenção. O "Domingo de Manhã" vai continuar a ser o que sempre foi. Por isso, os diálogos não serão uma constante deste pequeno recanto cibernético no qual escrevo.

princípios inalienáveis II

Exmo. Sr. Anónimo (tão anónimo como de início),

Antes de mais, deixe-me dizer que o erro já foi corrigido. Como poderá constatar, saudar já não tem acento. Deixe-me também dizer-lhe que, como humano que sou não estou imune aos erros, sejam eles ortográficos ou de outra espécie. Podem acontecer. Mas é preciso, isso sim, assumi-los e tentar melhorar. Por isso lhe agradeço pela chamada de atenção.

Quanto à questão da liberdade, tem toda a razão quando diz que a liberdade pode ser exercitada de diferentes formas. No entanto, quando é feita através do anonimato perde todo o sentido. Para sermos livres é preciso sermos suficientemente corajosos e assumir as nossas atitudes, as nossas crenças, as nossas ideias, os nossos princípios, as nossas ideologias.

Sei que, no momento em que criei o "Domingo de Manhã" passei a estar susceptível ao escrutínio de quem por aqui navega e lê os meus textos. Fico feliz por saber que existem pessoas que gostam do que escrevo e, ao contrário do que o ilustre anónimo defende, me felicitam dizendo que escrevo bem. Fico ainda mais feliz por perceber que, apesar de não gostar, continua a fazer do "Domingo de Manhã" um local de visita regular. Das duas uma, ou não escrevo assim tão mal (perdoe-me esta postura algo pretensiosa) ou é masoquista, ou mesmo estúpido, por perder tempo com má leitura em vez de se dedicar a leituras bem mais ricas e profícuas. Se quiser posso dar-lhe algumas sugestões. Eça, Sepúlveda. São dois autores dos quais gosto muito. Devia dedicar-lhes alguma atenção!

Por fim, e agora peço perdão pela violência das minhas palavras em alguns momentos (não quero que fique susceptível), as críticas são sempre bem vindas... desde que sejam construtivas. Se assim não for, então tornam-se absolutamente dispensáveis. Julgo que deverá rever a forma como expõe as suas opiniões. Já agora peço-lhe, continue a comentar o "Domingo de Manhã", mas de cara destapada. Assuma-se! Ah, e seja mais positivo, falar por falar, criticar por criticar não é necessário. Torna-se comum, banal, entende? O que acrescenta de novo? Pense nisso. Mas reflicta a sério, profundamente. Não fique pelo supérfluo!

Por fim, obrigado pelos conselhos, mas perspicaz pode ser utilizado naquele contexto. Isto não é um texto jornalístico. É um espaço pessoal, onde as palavras podem assumir outra dimensão (mas não outro sentido, que fique bem claro). Recorde-se que existem figuras de estilo, subterfúgios na língua, enfim, um sem número de coisas que nos permitem embelezar o Português. Poderia utilizar celeridade ou desenvoltura, mas não o quis. Apenas isso. Já agora, deixo-lhe aqui a definição, segundo o dicionário Michaelis, da palavra perspicaz:

pers.pi.caz
adj m+f (lat perspicace) 1 Que tem agudeza e penetração de vista. 2 Que vê bem. 3 fig Que tem agudeza de espírito; sagaz, talentoso. sup abs sint: perspicacíssimo.

princípios inalienáveis

Tenho inúmeros princípios pelos quais rejo a minha vida e a minha forma de estar em sociedade. Um dos mais importantes é a liberdade. Na minha humilde opinião, é um dos que são absolutamente inalienáveis, dos que não podem ser, nunca, desnecessários, que não pudemos prescindir em situação alguma. Poderia, agora, embarcar numa dissertação do que é a liberdade e tudo aquilo que a mesma implica, os seus limites, enfim...

Mas, não foi para isso que decidi escrever hoje. Decidi fazê-lo por outra razão. Para dizer que, tal como prezo a minha liberdade, respeito, em muito, a dos outros. Agora não posso saudar ou concordar com aqueles que abusam desse mesmo conceito. Conceito esse que permite, se utilizado com ponderação, e aliado a questões como o respeito criar uma aura de dignidade a todos os que o utilizam correctamente. Por isso, não posso deixar de condenar todos aqueles que, mascarados por um filtro anónimo, partem para a ofensiva, seja ela pessoal ou de outro foro qualquer, perdendo toda a admiração, dignidade e respeito que me possam merecer. Valido e aceito todas as opiniões, devidamente fundamentadas, mesmo que com elas não concorde. Mas só se quem as defende tiver a dignidade e a coragem de dar a cara por elas.

Perspicácia, astúcia e audácia podem ser qualidades que não figurem da minha pessoa. Pelo menos é isso que algúem (não sei quem) pensa. Mas se assim é, seria bonito e de louvar que assumisse as suas palavras. A responsabilidade dos actos é sempre de quem os toma, mas das palavras também!

Nota: Vou continuar a permitir que os comentários feitos neste espaço continuem a ser livres de qualquer registo, pois é dessa forma que julgo ser o mais correcto. Não quero amordarçar o Domingo de Manhã! Por isso, a decisão de deixar o seu cunho ou de enviar, apenas, algumas larachas desprovidas de respeito e honra ficam ao critéio de quem o decidir fazer.

16 novembro 2007

em directo do berço

Escrevo estas linhas a partir de Guimarães, mais concretamente da Praça de Santiago, mesmo ao lado da famosa Praça da Oliveira, zona património da Humanidade.

Está um dia fabuloso, com sol e céu praticamente limpo, salpicado, apenas, por duas ou três nuvens esfarrapadas. Mas o que interessa isto? Sinto-me bem com isso, e decidi dizê-lo... Só isso.

Bem, mas está um pouco frio, e à medida que o sol se esconde atrás destes prédios seculares começo a enregelar. Os dedos perdem perspicácia a tocar nas teclas do computador.

Vou arrumar tudo e comer qualquer coisa na Cervejaria Martins, espaço do qual não prescindo sempre que venho à Cidade Berço.

14 novembro 2007

há coisas escabrosas, não há?

Tenho ouvido nalgumas estações de rádio, alguns momentos humorísticos baseados em notícias do tão conceituado a reputado jornal diário de abrangência nacional, o 24 Horas. Por diversas ocasiões, esses episódios suscitaram-me curiosidade de dar uma vista de olhos, de folhear as páginas bem-dispostas deste orgão de comunicação social.

Assim o fiz. Foi hoje, após uma busca na internet (leia-se, uma pesquisa no google) e lá encontrei o sítio virtual do jornal. Entrei e a capa, em grandes parangonas (acho que é assim que se escreve. Podia confirmar, mas desculpem-me, hoje estou com alguma preguiça. Acho que foi do almoço...), que José Mourinho tinha posto os filhos num colégio barato. Uma capa infeliz, diria eu, mas o sensacionalismo vende...

Passei algumas páginas e descobri um tema brilhante do ponto de vista do humor, do absurdo, do que de mais escabroso acontece por Portugal. Parece que uma mulher, de nome Maria das Dores, alegadamente (adoro o alegadamente em tudo o que é processo judicial), contratou dois homens para matar o marido. Mas como não tinha dinheiro, pediu 25 mil euros ao filho, argumentando que tinha dívidas. Isto não é brilhante? Afinal, há dois autores materiais do crime, uma autora moral, e um autor... ora bem, devo chamar-lhe capital? financeiro? O mais caricato é que o pobre homem pensava mesmo que o dinheiro era para sanear o passivo de "Mimi", como é tratada pela família.

Mas as pérolas estão no próprio texto. Há um excerto brilhante, que me fez soltar uma gargalhada de alarme. "Antes de ser detida pelo homicídio,Maria das Dores foi uma viúva diferente. Chegou a pôr botox e até se deslocou ao Barreiro para comprar jóias" Paris? Roma? Milão? Quais capitais de moda... O que está a dar é o Barreiro, a nova meca da ourivesaria mundial. Como afirmava um amigo meu, a frase está incompleta. Faltava dizer que foi comprar jóias "que estavam no pregador...".

Há coisas escabrosas, não há?

senti um nó na garganta

Foi um arrepio na espinha, um nó cada vez mais apertado na garganta. Quem disse que já não há que faça chorar as pedras da calçada? Impressionante, fabuloso, magnífico. São apenas seis anos!!!

há ladrões em casa???

Hoje tive uma daquelas sensações estranhíssimas que me fizeram acordar sobressaltado mesmo a meio da noite, não confirmasse o relógio despertador que todos os dias me acorda, que já passavam das três horas da madrugada. Absolutamente envolvido num sono profundo, acordei repentinamente com o barulho do computador. Passo a explicar...

Desde que mudei de casa, impus a mim mesmo que a televisão e o computador ficariam na sala. É uma questão de disciplina, o quarto é para dormir. Ontem, o portátil ficou ligado a fazer um download e a verificar se, porventura, tinha vírus. Não sei como nem porquê, foi em plena madrugada que esta bela máquina, produto da tecnologia, decidiu, por si só, reiniciar. O resultado não foi brilhante. O volume tinha ficado ligado e o som de encerramento foi tal que me acordou.

Até aqui tudo bem. Mas o meu grande problema aconteceu no preciso momento em que abri os olhos. Por alguma razão, meti na cabeça que estava gente em casa. Já não é a primeira vez que isto me acontece, mas há muito que não o sentia. É deveras atrofiante. A partir do momento em que acordo fico tenso, nervoso. Pensei: "Vou ficar aqui sossegadinho no meu canto porque se os gatunos não me ouvirem podem ir-se embora e eu safo-me." Que estupidez de pensamento, não? Só possível por ter alguns neurónios ainda meio dormentes, outros completamente baralhados pelo acordar violento.

Depois de alguns momentos enfiado debaixo dos lençois a tentar adormecer mudei de estratégia. Tinha de sair do quarto e confirmar que não havia ninguém. Sem o fazer nunca iria dormir descansado. "Tenho uma navalha ali guardada, se calhar é melhor ir buscá-la." Bem, nesta fase já sofria de alucinações só semelhantes às provocadas por algumas substâncias... Percebo, agora, o absurdo da situação. Mas há umas horas, parecia-me sensato sair do quarto, de faca em punho (qual cena de Hitchcock) em busca dos bandidos. Ridículo, no mínimo.

Em última instância, ganhei lucidez e levantei-me sem armas. Abri a porta com cuidado, para não fazer barulho, percorri todas as divisões da casa e aproveitei para uma paragem mais prolongada na casa-de-banho (não queiram saber, mas não é nada de anormal, garanto). Senti-me aliviado, afinal os bandidos não eram mais do que um simples produto da minha fértil (às vezes) imaginação.

Lá voltei para o vale dos lençóis que já tinham perdido um pouco do seu calor, e pude desfrutar de mais algumas horas de sono.

13 novembro 2007

"a homossexualidade é uma doença"

Estamos em pleno século XXI, mas precisamente no ano de 2007, mas existem pessoas que, como nos alerta Bruno Nogueira, parecem ter parado no tempo, e ficaram na época da "velha senhora". De vez em quando, pontualmente, digamos, somos presenteados com verdadeiras pérolas que, contextualizadas, seriam obras de génio no que respeita ao humor. Mas, infelizmente, os autores não estão a brincar e afirmam barbaridades que não lembram ao diabo. É grave, muito grave!!!

Quem o quer ser que o seja. Desde que não incomode quem prefere a heterossexualdiade, por mim tudo bem... O mesmo se aplica a uma situação inversa. A liberdade assenta em pressupostos que não podem ser escamoteados e que são propriedade de cada indivíduo. A liberdade não é um luxo exclusivo de uma elite reduzida!

Por isso, defendo que quem queira ser homossexual tem tanto direito como quem acha isso uma doença. No entanto, este segundo caso representa um conservadorismo extremo que dá vontade de rir! Como tal, assiste-me o direito de dar, neste preciso momento, uma sonora gargalhada!

12 novembro 2007

quando eles também são humanos

Temos hábito criar hierarquias. Faz parte da raça humana, bem como de tantas outras, estabelecer diferenças, inúmeros estatutos e patamares para os homens, por mais iguais que sejam.

Por regra, artistas, jogadores de futebol, estrelas de televisão, governantes, entre muitos outros, estão em patamares distintos dos restantes cidadãos. Mas nem são eles que o fazem, somos nós, comuns mortais, que os levantamos com as mãos... tanto tanto que julgamos serem inantigíveis.

Mas, de vez em quando, somos empurrados para a realidade das igualdades entre seres humanos. Foi isso que o rei de Espanha, Juan Carlos, fez na última cimeira ibero-americana. Num laivo de fúria, e perante as provocações de Hugo Chávez, que tanto é amado como odiado, tamanhas sãos as incoerências das suas acções, não resistiu, mesmo com o discurso brilhante do primeiro-ministro espanhol, Jose Luis Zapatero, lançou um alto e sonoro "por que no te callas", directo e sumário a Hugo Chávez. Foi grande!!! Só faltou um "joder tio" para acabar, de uma vez por todas, com a conversa...

09 novembro 2007

todos temos uma história

"Eu estive aqui e ninguém contará a minha história". A inscrição é profunda, forte. Contextualizada ganha uma outra amplitude, de dimensões surreais, esmagadoras. Li-a no livro que estou a ler actualmente. Sou fã de Luis Sepúlveda, um escritor chileno, radicado em Espanha. As Rosas de Atacama relata histórias de pessoas que tinham de ser contadas.



Voltemos à expressão inicial. Sepúlveda explica a frase da seguinte forma. "Suponho que terei lido uns mil livros, mas nunca um texto me pareceu tão duro, tão enigmático, tão belo e ao mesmo tempo tão dilacerante como aquele, escrito sobre uma pedra". Foi na "extremidade do campo (Bergen Belsen) e muito próximo do lugar onde se erguiam os infames fornos crematórios, na superfície áspera de uma pedra, alguém (quem?) gravou, talvez com o auxílio de uma faca ou de um prego, o mais dramático dos apelos.

Adoro ler Sepúlveda. Simples e poético, o chileno transcreve para o papel situações, momentos, episódios de uma forma magnífica que eu adoro!

o melhor blog... ou nem por isso

Descobri, numa das minhas navegações, um sítio que está a proceder à votação dos melhores blogs do Mundo. São os Óscares, os Grammys, enfim, são os prémios mais importantes da blogosfera.

Não tenho quaisquer pretensões de levantar o prémio no ar e recriar um momento inesquecível já imortalizado por grandes ícones do futebol, como Maradona, beijando o troféu perante o aval de milhares de espectadores! Nem o poderia fazer, a selecção dos nomeados já terminou, mas subscrever este espaço abre novos horizontes ao Domingo de Manhã, projecta-o ainda mais além e dá-lhe maior visibilidade...

Mesmo que não faça nada disto, não faz mal. Apeteceu-me, apenas, inscrever o blog! Já está!

THE BOBs

08 novembro 2007

introspecção

Que música, que força!!! Manel Cruz provoca a explosão!!!

trouxe mesmo areia nos sapatos...

Andar três dias consecutivos em cima das dunas de areia só podia ter este resultado. Por mais que me descalçasse de vez em quando, por mais que sacudisse os ténis, por mais que os batesse numa parede ou num muro, houve grãos que fizeram daqueles recantos os seus novos lares, como se fossem, desde há muito, os seus habitats naturais. Mesmo com 1500 quilómetros de viagem e algumas caminhadas, estes mantiveram-se, persistentes, nos meus ténis. Na prática, não fizeram nada que não seja natural. Evadiram-se de África, de forma ilegal, rumo ao paraíso anunciado europeu. Como tantos africanos, que diariamente se lançam ao Mediterrâneo em busca do El Dorado que pensam encontrar do outro lado do mar, numa Europa conhecida pela sua prosperidade, os grãos de areia esconderam-se nas profundezas dos meus sapatos. Mas eu pactuei com todo este processo sombrio e marginal. Mesmo sabendo que trazia companhia, não fui capaz de os expulsar por completo. Agora, bem, agora devem estar no meio do meu quarto, ainda dentro de um par de ténis abandonado que espera, ansiosamente, pela hora do banho...

06 novembro 2007

ainda trouxe areia nos sapatos... (parte 3)

O calor do dia quase chega aos 30 graus. Nada de espectacular, num ano em que Novembro está especialmente quente em Portugal. Mas à noite, bem à noite, mal o sol se despede e as dunas adormecem, o calor desaparece, e o frio perfura a pele, chega aos ossos... O aconchego de uma camisola é essencial, mas não dispenso uma cerveja, regressado da secura das dunas. Os lábios são os primeiros a ressentir-se de um esquecimento. O baton do cieiro faz mais falta na mesa da sala, em Lisboa.

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A garganta mais fresca e o jantar quase pronto. As espetadas do almoço dão, novamente, lugar ao frango. Mas no último dia, ao almoço, um guisado de vaca aconchega o estomago para os primeiros 500 quilómetros da viagem de regresso.

São 16 horas e arrancamos rumo a Meknés. Primeira paragem, Rissani. Abastecimento. Logo de seguida, Erfoud. Recordações para quem quer. Fico na rua. Já ali tinha estado no passado. Espero pelos companheiros de viagem juntamente com mais alguns. Um miúdo, não tinha mais de 12 anos, oferece-se para "proteger" o carro. Agradeço, mas não é necessário. Naquela zona sentimo-nos seguros, sem perigo. Há imensa polícia na rua, basta virar uma esquina e lá está um agente.

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Inédito foi o que aconteceu a seguir. O amigo do miúdo que quer ser segurança de automóveis aproxima-se de mim quando me dirijo para o carro. "Un cadeau, un cadeau", diz-me. Agradeço, mas não penso comprar o dromedário que cabe na palma da mão feito de verga. Mas o puto não me pede dinheiro e coloca o boneco no apoio do cotovelo, no interior da porta do carro. Não resisti, decidi ficar com ele e deixar-lhe uma simbólica quantia. Senti-me estúpido. Porque não levei uns lápis, umas t-shirts?...

ainda trouxe areia nos sapatos... (parte 2)

A manhã junto ao erg dá sinal por volta das seis horas nesta altura. Receber os bons dias de um sol amarelo forte, que, gradualmente, transforma o negro da noite, salpicado por estrelas brilhantes, pelo azul vivo e seco de um céu sem nuvens.

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São às toneladas de uma areia amarela e fina, que se entranha em qualquer cavidade, o que forma o Erg Chebbi. O deserto de areia mais próximo de Portugal é uma atracção turística. São inúmeros os europeus, munidos de jipes, moto quatro ou simples motos que se lançam ao desafio de sentir as dificuldades e o prazer de ultrapassar as dunas, como se de um mini Lisboa-Dakar se tratasse.

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Com a adrenalina e a velocidade juntas, poucos se apercebem do habitat que é o erg. cobras, insectos... tanta variedade animal num aglomerado de areia onde, ingenuamente, se pode pensar que a vida não existe. O erg é rico. No ano passado, um local dizia-me: "Nós queremos que as pessoas venham visitar as dunas. É isso que nos permite sobreviver. Mas é preciso ter cuidado. Não podemos deitar o lixo na areia. É preciso cuidar, ter cuidado porque se não o fizerem um dia acaba tudo." O deserto não é só um mero monte de areia...

(continua)

ainda trouxe areia nos sapatos... (parte 1)

Foram quase 3200km percorridos em menos de uma semana. Para lá a primeira noite ainda tinha perfume europeu, mas com aromas africanos. Tarifa, a capital do windsurf, foi o local escolhido para pernoitarmos. Depois de cerca de 700km de viagem desde Lisboa, e de uma jantar à base de tapas numa área de serviço já depois de Sevilha, parámos numa residencial, daquelas à beira da estrada. Hotel San Jose del Valle, é esse o seu nome. Era quase meia-noite quando chegámos. A televisão passava o Atletico Madrid - Sevilha, com os portugueses da equipa listada em particular destaque, tanto pela positiva como pela negativa. O gerente, sentado na recepção, chamou-me à atenção. Achei curioso o seu nome, cuidadosamente colocado nos cartões de visita expostos no balcão. Nacho Trujillo.

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A manhã acordou cedo, ainda o sol não se tinha levantado e já a comitiva se preparava para largar rumo ao porto onde apanhámos o barco rumo a Tanger. Éramos sete e viajávamos em duas carrinhas da mesma marca, apenas as cores eram ligeiramente diferentes.

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Os procedimentos alfandegários em Espanha foram simples e rápidos. O mesmo não se pode dizer em Marrocos, após os 30 minutos a oscilar de um lado para o outro, com o barco a pendular por força de um Mediterrâneo que nunca tinha visto tão alterado. Foram duas horas para apresentar passaportes, que rodavam de mão em mão, entre inúmeros funcionários estatais, de polícias a inspectores, entre outros. Ultrapassada quase inultrapassável burocracia, retomámos viagem. Quase 400km de auto-estrada, vigiada por inúmeros elementos da Guarda Real, até Fez. A floresta dos cedros, a subida para o planalto do Atlas e a descida repentina da temperatura. Já noite, as barreiras de neve são claras, no Inverno faz muito frio e esta formação montanhosa cobre-se de branco. Ifrane tem até um complexo de esqui.

Um planalto seco e rochoso é atravessado em grande velocidade... É tarde, muito tarde. Queríamos ter chegado antes de anoitecer, mas há atrasos impossíveis de evitar. A descida do Atlas continua a bom ritmo. A noite não deixa perceber o que nos rodeia. Sei apenas que há todo um ambiente que me faz lembrar o Mad Max, a Route 66. Já ali estive no passado. Só assim sei que o deserto ainda não é de areia fina como a do Erg Chebi, mas sim de muita pedra e rocha cinzenta. É hostil a paisagem. O terreno é cruel para a vida. Não se vê, abundantemente, flora ou fauna. Mas, ao seu estilo, é bonita esta zona interior e pobre de Marrocos.

Chegados a Merzouga, ao albergue Amazir, o calor dos berber marroquinos espera-nos. São simpáticos e afáveis, os homens que, sempre prestáveis, toma conta do espaço. Frango assado com batatas é o jantar, servido em jeito de ceia. Afinal, as doze badaladas estão quase a tocar...

(continua)