
A manhã acordou cedo, ainda o sol não se tinha levantado e já a comitiva se preparava para largar rumo ao porto onde apanhámos o barco rumo a Tanger. Éramos sete e viajávamos em duas carrinhas da mesma marca, apenas as cores eram ligeiramente diferentes.

Os procedimentos alfandegários em Espanha foram simples e rápidos. O mesmo não se pode dizer em Marrocos, após os 30 minutos a oscilar de um lado para o outro, com o barco a pendular por força de um Mediterrâneo que nunca tinha visto tão alterado. Foram duas horas para apresentar passaportes, que rodavam de mão em mão, entre inúmeros funcionários estatais, de polícias a inspectores, entre outros. Ultrapassada quase inultrapassável burocracia, retomámos viagem. Quase 400km de auto-estrada, vigiada por inúmeros elementos da Guarda Real, até Fez. A floresta dos cedros, a subida para o planalto do Atlas e a descida repentina da temperatura. Já noite, as barreiras de neve são claras, no Inverno faz muito frio e esta formação montanhosa cobre-se de branco. Ifrane tem até um complexo de esqui.
Um planalto seco e rochoso é atravessado em grande velocidade... É tarde, muito tarde. Queríamos ter chegado antes de anoitecer, mas há atrasos impossíveis de evitar. A descida do Atlas continua a bom ritmo. A noite não deixa perceber o que nos rodeia. Sei apenas que há todo um ambiente que me faz lembrar o Mad Max, a Route 66. Já ali estive no passado. Só assim sei que o deserto ainda não é de areia fina como a do Erg Chebi, mas sim de muita pedra e rocha cinzenta. É hostil a paisagem. O terreno é cruel para a vida. Não se vê, abundantemente, flora ou fauna. Mas, ao seu estilo, é bonita esta zona interior e pobre de Marrocos.
Chegados a Merzouga, ao albergue Amazir, o calor dos berber marroquinos espera-nos. São simpáticos e afáveis, os homens que, sempre prestáveis, toma conta do espaço. Frango assado com batatas é o jantar, servido em jeito de ceia. Afinal, as doze badaladas estão quase a tocar...
(continua)
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