20 outubro 2008

hoje ouvi o amanhecer da cidade

É curioso como as cidades também dormem e acordam como nós. Todos os dias cumprem a rotina. Parece que, como o comum dos mortais, também têm de tomar banho, lavar os dentes, vestir, tomar o pequeno-almoço, passar os olhos pelas notícias da manhã na TV e sair de casa a correr para enfrentar o congestionamento do trânsito, ou o cheiro do sovaco dos companheiros de viagem no comboio, a caminho do trabalho.

Hoje foi uma dia diferente. Levantei-me às 5h30 da madrugada para ir levar a Paixão ao ponto de encontro com os colegas que foram para o Alentejo, para mais uma semana de trabalho. Era noite escura quando saímos de casa. Quase não havia carros no IC19. Fiquei pasmado. No regresso a casa, o trânsito no sentido Sintra-Lisboa era já mais intenso. As badaladas das seis da manhã tinham soado há pouco e havia muita gente a caminho dos seus empregos.

Eu, contudo, voltava para a cama. Estava na hora de dormir mais um pouco. E foi aí que tive uma experiência original. Ouvi a cidade a acordar! Descobri que tenho vizinhos que despertam às 6h30. O silêncio lá fora ainda é tão silencioso que dá para isso, ouvir o bip bip que toca noutro qualquer andar do prédio. Também percebi que quem lá more não se levantou logo. Dez minutos mais tarde, o bip bip voltou a romper pelos apartamentos do edifício, acompanhado, agora, do choro de um bebé e do passar do comboio lá mais em baixo e que, cada vez se tornou mais frequente.

As primeiras vozes, os primeiros passos também se fazem sentir. A cadência com que oiço o barulho dos motores, de carro ou de moto, é maior. À medida que tudo isso acontece, a luz do sol entra pelas frestas da persiana e ilumina o quarto, que ganha um ambiente mais quente. Entretanto adormeço profundamente e perco a noção de tudo o resto.

São quase nove horas e acordo com o telefone a tocar. Dormi tão profundamente que, às oito horas não ouvi, sequer, o barulho quase ensurdecedor do meu despertador. Está na hora de levantar e correr para o trabalho. Afinal, a cidade já acordou há muito.

1 comentário:

Namaste disse...

Lindo! Se não fosse o telefonema do Alentejo ficavas na caminha o dia todo, e a cidade já ia no seu ritmo mais que acelerado.
Bjs