04 janeiro 2008

que desilusão, que frustração

Ontem, quando ouvi, pela primeira vez, a possibilidade do Lisboa-Dakar não se realizar pela primeira vez fiquei apreensivo mas desdramatizei. Não podia ser. Era a 30ª edição da maior prova de TT do Mundo, um evento que nunca tinha sido interrompido.

Esta era a primeira vez que iria cumprir um sonho. Lembro-me de ser um adolescente e combinar com um amigo meu que um dia havíamos de participar na grande maratona. Entretanto cresci, passeia a escrever regularmente, a reportar acontecimentos... A possibilidade de fazer o Lisboa-Dakar 2008 surgiu no início do ano passado. Já no primeiro ano que a prova começou a sair de Portugal tinha essa vontade cada vez mais presente. Com o bom resultado do trabalho na edição anterior, percebi que quem mandava na empresa aceitava enviar alguém à prova deste ano. Em Setembro, decidiu-se, definitivamente fazer-se tudo para que eu fosse ao Lisboa-Dakar.

Durante algum tempo não acreditei. Demorei algum tempo a mentalizar-me que estava prestes a rumar a África, para aquela que é considerada a maior aventura do desporto motorizado no Mundo. Processo completado e um entusiasmo enorme. O trabalho aumentou substancialmente. Muitos artigos relacionados com a prova, um sem fim de quilómetros percorridos à procura de um bom motivo de reportagem. À medida que se aproximava a corrida o entusiasmo e alguma apreensão aumentavam. Estava prestes a marcar presença num grande evento, daqueles onde sempre sonhámos estar, mas sentia, também, o peso da responsabilidade, organizar tudo para que nada falhasse.

Foram muitos dias de trabalho e preparativos, algumas noites mal dormidas, outras mesmo em que não preguei olho. Mas o ano entrou com força e eu sentia-me preparado. A semana anterior foi vivida num verdadeiro frenesim. Tudo ultimava os preparativos e eu também. As verificações técnicas e administrativas prosseguiam a bom ritmo e o sábado, dia da partida, chegava. Mas, entretanto, tudo se desmoronou. Por momentos parecia a queda da torre jenga que derrubávamos na passagem de ano. Com uma diferença, esta ainda o fazia de forma menos brusca. A bomba chegou. O Dakar tinha sido cancelado. Confirmava-se o que já se falava há 12 horas. Foi duro. Durante o dia sentia-me vazio, esquisito. Por momentos pensei que sensação de estranheza era esta. Era a desilusão que se apoderava. Afinal, a possibilidade de acompanhar o Dakar tinha ruído...

2 comentários:

Olga Quaresma disse...

Como o compreendo. Há 3 anos que tinha o sonho de ir a Dakar. Há 3 anos que tentava ganhar uma viagem nos vários concursos que eram realizados. Como diz o velho ditado português, não há 2 sem 3, há terceira foi de vez. Ontem pelas 16h45 recebi um telefonema que tinha ganho uma viagem ao Senegal de 5 dias para assistir à final do Dakar. Aquele minuto foi indiscritivel.Que loucura. Uma vez na vida a sorte tinha batido á porta. Seria mesmo verdade?! 20h45 RTP1 "Dakar em risco de não se realizar" Não! Não pode ser! 9h00 Consulta do viajante (o médico foi extraordinário, atendeu-me sem consulta marcada, pois era uma emergencia) vacinação marcada para as 14h00. 12h00 RFM "Rali Lisboa-Dakar cancelado" Não! Não acredito! Mas a vigem pode ser que se realize, pois tem mais actividades que não estão relacionadas com o Dakar (o sonho comanda a vida). Tenho um mail a confirmar a recepção dos dados do passaporte e assim que recebam o certificado de vacinação enviam os dados dos voos (enviado antes das 12h, é preciso cautela, peço confirmação da viagem).Que stress. 14h00 a vacinação é adiada para segunda-feira, é melhor aguardar a segunda confirmação. 15h30 a mesma voz que me tinha deixado aos pulos ontem, transformou naquele minuto a viagem a Dakar numa miragem. Não, há 3ª não foi de vez! Que desilusão, que frustração! Se para mim foi tudo isto, imagino o que não terá sido para todos os que iriam participar directa ou indirectamente no Rali, como os compreendo!Em que é que o nosso mundo se está a transformar?!Porquê tantas guerras, tantos ódios?!

Namaste disse...

Desculpa não ter valorizado a importância que isto tinha para ti.
Fui insensível e pouco compreensiva.
Fui egoísta (tinhas razão), só pensei em mim.
Desculpa.
Fui tudo aquilo que uma namorada não deve ser, infelizmente.