13 agosto 2007

Mais uma vítima

O ciclismo tem vivido tempos muito conturbados. Parece que a Volta a Portugal está a passar um pouco à margem de todas as polémicas relaccionadas com o doping, mas o fenómeno já é incontornável a todas as corridas, seja de que forma for. No caso da principal prova nacional, os "vampiros" (nome como são conhecidos os técnicos que fazem as recolhas de sangue aos ciclistas durante a noite e sempre sem avisar) atacaram e, ao que parece, todos os atletas que deram sangue viram as análises resultarem num rotundo resultado negativo. Penso que algumas pessoas terão suspirado de alívio. Mas espero, sinceramente, que seja um sinal de que o ciclismo está a limpar-se das drogas. Penso que tal não acontecerá por completo, em todos os desportos há casos de batota, mas é importante que se tornem a excepção e não a regra.

No entanto, a imagem desta modalidade está tão em baixo que uma das principais equipas do pelotão internacional vai acabar. Falo da Discovery Channel Pro Cycling Team. A formação norte-americana que venceu oito das últimas nove edições da maior prova do Mundo, o Tour de France. Primeiro como US Postal, e depois como Discovery, a equipa somou sete vitórias na corrida francesa pela mão de Lance Armstrong e uma, já este ano, por Alberto Contador.

Agora, está à beira do fim. Tudo porque a empresa de canais de televisão por cabo especializada em documentários, decidiu acabar com o patrocínio de 14 milhões de euros que dava à equipa todos os anos para dar o nome à mesma. E porquê? Porque não devem querer associar a sua marca a uma disciplina que está demasiado ligada ao doping. Mas como se não bastasse, isto chegou ao ridículo da formação que mais vitórias alcançou nos últimos tempos não ter encontrado um novo patrocinador. "Tive contactos com candidatos a patrocinadores, mas a situação neste desporto é tão má que ninguém se quis envolver connosco", afirmou Johan Bruyneel, director desportivo da equipa a um canal televisivo holandês, escreve o Público.

Penso que a solução para que isto acabe é baixar o nível da disciplina. Para o público, é indiferente se a Volta é ganha com os ciclistas a fazerem médias horárias a 50km/h ou se ficam pelos 30km/h. Quanto à dureza das etapas, julgo que podem ser mais leves em algumas situações, mas não em todas, porque senão perde-se o facto diferenciador. Agora, não podemos é ter 20 atletas a subirem os Alpes em ritmos elevados e em grupo apenas porque estão dopados. Se estiverem limpos e só cinco conseguirem ir na frente, então há que dar mérito a esses e condenar os outros 15 que "jogam sujo". Por outro lado, penso que isto é como a Fórmula 1. É uma disciplina extremamente cara e todos defendem que o público não quer saber se o motor é feito com um composto de titânio-magnésio-carbono e qualquer outro material ao preço de diamantes. A malta quer é ultrapassagens. No ciclismo a rapaziada quer é ver os ciclistas a subir ao alto da Torre e, de preferência, com alguém a destacar-se. Porque para chegadas ao "sprint" já chegam as enfadonhas etapas em linha.

1 comentário:

Eva Luna disse...

Não me parece que o facto de terem todos acusado negativo às drogas, seja sinónimo de que realmente não as tomam... talvez estejamos mais apurados na técnica do disfarce