22 julho 2007

Esplendorosos Arctic Monkeys

"Esplêndida", foi assim que Alex Turner classificou a audiência do segundo concerto da banda de Sheffield em Portugal. Num Coliseu a abarrotar, e com um público maioritariamente sub-18 (a determinado momento chegámos a parodiar que tínhamos entrado com desconto do cartão do idoso) os "macacos" quase deitaram abaixo tão magnífica sala de espectáculos da capital portuguesa.



Depois de um concerto de X-Wife, que mais não serviu do que aumentar a ansiedade dos milhares de pessoas que ali estavam à espera do quarteto britânico, e de uma espera (longuíssima) em que os roadies não se cansavam de afinar os instrumentos e confirmar que o som estava em condições, foi momento dos Arctic Monkeys entrarem em palco, de uma forma mais ou menos estudada para, logo de seguida, e bastaram dois acordes, a multidão entrar em êxtase e criar uma onda humana, uma avalanche mesmo, em que toda a plateia saltava em uníssono, fazendo com que muitos dos fãs passassem os primeiros 20 minutos do concerto sem tocarem com os pés no chão, tal a força com que era apertados no meio dos saltos enérgicos do público.

Inacreditável! Há muito que não assistia a um concerto nestes moldes e... foi fantástico! Os dois casais ainda mais velhos que o meu grupo é que não resistiu e mal a adrenalina atingiu os píncaros resignaram-se a afundarem-se e a recuarem para águas mais calmas (leia-se, recuaram uns bons metros) de forma a preservar a sua integridade física. Também há muito que não assistia a malta, rapazes e raparigas, a serem evacuados pelos amigos, em braços... uns já desmaiados, outros em vias de...

No palco, a timidez (quase parece indiferença) com que a banda toca para o seu público é única. Por momentos sinto que eles não estão à vontade e, de facto, são putos que ainda não sabem propriamente lidar com toda esta onda de adoração, este mediatismo, de que são alvo. Borbulhentos e sem barba, parece que é a primeira vez que pegaram em instrumentos, mas depois, a música que fazem é enérgica, potente e portadora de uma maturidade quase paradoxal ao ar de adolescentes ingénuos que ostentam no palco. Mas de ingénuos têm pouco, como se comprova pelas letras e pela atitudes. Basta saber-se que rejeitaram tocar no Live Earth porque, afirmaram, seriam "incoerentes". Putos, mas com eles no sítio. Não acontece como determinadas estrelas que depois de emitirem milhões de toneladas de CO2 durante as tournées, aparecem com pompa e circunstância a favor de uma causa que não seguem, e acabam por ser fiéis à única causa a que sempre estiveram ligados, a venda de discos. Sim, porque parecendo que não, estas iniciativas também aumentam a notoriedade, mesmo que a estrela de que se fala seja conhecida em todas as partes do Mundo.

Mas voltando aos Arctic Monkeys, foram pouco mais de 1h15m de concerto onde ninguém negou saltos, pulos, e em que a maioria sabia as letras do príncipio ao fim. Por isso, no final, o tímido Alex Turner saudou (nas poucas palavras que disse durante a noite, mas também não precisa de mais, porque os Arctic Monkeys são daquelas bandas que podem não falar durante todo o espectáculo mas a música toma conta de tudo) o público português e agradeceu por ter sido esplêndido.

Obrigado!

Nota: O alinhamento da noite foi o seguinte:
The View From The Afternoon
Brianstorm
Still Take You Home
Dancing Shoes
From The Ritz To The Rubble
Teddy Picker
D Is For Dangerous
This House Is A Circus
Fake Tales of San Francisco
Balaclava
Old Yellow Bricks
You Probably Couldn't See for the Lights But You Were Staring Straight at Me
I Bet You Look Good on the Dancefloor
If You Were There, Beware
Fluorescent Adolescent
Mardy Bum
Do Me A Favour
Leave Before The Lights Come On
When The Sun Goes Down
A Certain Romance

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