Gilles Jacob teve uma ideia genial. o presidente do festival de cinema de Cannes quis celebrar o 60º aniversário do evento em grande e não fez a coisa por menos. certamente que só uma iniciativa com o estatuto desta conseguiria colocar tamanho desejo no campo da realidade. mas não tem menos mérito por isso. Cada um o seu cinema (o original, Chacun Son Cinéma ou Ce Petit Coup au Coeur Quand la Lumière S'Éteint et que le Film Commence) é uma obra-prima criada por, nada mais nada menos, 34 realizadores. sim, leram bem, não estão míopes: são mesmo 34 realizadores, grandes nomes da história do cinema, alguns dos quais, parte do grupo dos meus favoritos.
o desafio era simples: cada um tinha de mostrar, em 3 minutos, o que era para si o cinema. a ante estreia em Portugal foi ontem e, graças ao passatempo da Radar, sentei-me, pela primeira vez, numa sala de cinema para ver um filme que ainda não estava no circuito comercial. preparem-se. este conjunto de curtas, que duram quase duas horas no total, podem fazer-nos sorrir, rir às gargalhadas, daquelas em que o ar vem bem do fundo dos pulmões, como também nos prenderá, apreensivos, à cadeira, ou nos fará chorar. há de tudo, tal a variedade de movimentos. abordagens leves, outras mais pesadas, são visões interessantes de quem vive o e do cinema. saí satisfeito, com uma leveza de espírito que os bons filmes me fazem sentir. mesmo que grande parte me faça pensar...
a ironia de um título "Um dia em grande", a perspectiva cinematográfica dos cegos (abordada por mais do que um realizador, o que é curioso), o humor mordaz e sarcástico de Manoel de Oliveira... que filme! que obra! este é daqueles que, apesar de não ser mais do que um bloco de pequenas peças com três minutos, deveria fazer parte de todas as estantes de DVD dos amantes de cinema.
parabéns a Gilles Jacob. obrigado aos realizadores... e claro, à Radar!
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