23 fevereiro 2006

Os "ovos estrelados" estão de volta

Ainda não é certo, mas é mais uma das absurdas propostas deste Governo. A incompetência e incapacidade dos nossos governantes faz com que, no momento em que deviam tomar medidas frontais, difíceis, acabam sempre por recorrer ao acessório, ao secundário e, por vezes, ridículo.

Mas vamos ao que interessa. Pelo que consta, este elenco governativo quer voltar a obrigar a colocação dos "ovos estrelados" (leia-se: disticos com a informação da velocidade máxima à qual o automóvel pode circular) em todos os carros que sejam conduzidos por pessoas com menos de dois anos de carta.

Como foi possível perceber, esta medida vai, desde logo, contra as liberdades individuais dos cidadãos. Mas não vamos por aí. Eu só quero perceber uma coisa. No meu caso (felizmente já tenho carta há mais de dois anos) eu nunca tive carro próprio durante esse período. Ou guiava o do pai, ou o da mãe, ou até mesmo o dos avós. Que fazer nestas situações? Colocamos os "ovos estrelados" em todos eles? Parece-me muito prático. Mas mais grave ainda é a história dos limitadores electrónicos que impedem que os carros andem a mais que a velocidade estabelecida. Para além de, como defendem os especialistas, ir contra as políticas de garantia das próprias marcas - não estão a ver uma BMW, uma Renault ou qalquer outra companhia a permitir que mexam nos componentes pelos quais são eles que se responsabilizam, pois não? - como fariamos nos casos em que, como aconteceu comigo, os carros que utilizava não eram meus? Vamos colocar limitador em veículos utilizados por pessoas com mais de 20 anos de carta só porque se lembraram de ter filhos, que por acaso até cresceram, tiraram a carta e agora querem conduzir?

O que me aflige nesta situação não é, como se possa pensar, a medida em si, no concreto. O que me assusta é olhar para as pessoas que estão à frente dos destinos do nosso país e ver que agem com leviandade, sem rigor, sem capacidade de projectar e, mais grave que isso tudo, sem capacidade para pensar.

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