08 fevereiro 2012

referências geográficas no jornalismo (quando Portugal é Lisboa e o resto é paisagem)

por vezes, os jornalistas também são obtusos. de forma inconsciente ou não, os erros acontecem e enfermam de um problema grave. porque são falhas de surgem, não por distracção ou por desatenção, mas porque, no dia-a-dia, as pessoas (neste caso os jornalistas) pensam assim. uma das lacunas que assistimos com regularidade nos nossos meios de comunicação social está relacionado com a forma diferente de tratar os assuntos porque aconteceram na capital, ou nos arredores, ou de não os tratar só porque a notícia foi em Castelo Branco, ou em Portalegre, ou na Guarda, e isso é um bocado longe e não dá jeito nenhum. por isso, não se informa.

podemos justificar esta não cobertura com o que se chama de constrangimentos organizacionais (ou não há pessoal, ou ir ao local fica caro, etc., etc.). mas o pior disto tudo é quando o jornalista assume, tal como determinados governantes, que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. ora vejamos estes dois casos paradigmáticos. nesta notícia, o jornalista situa o leitor quando coloca Laranjeiro no título. ou melhor, só o faz para quem sabe onde fica essa freguesia. a maioria dos portugueses não saberá. o mesmo seria dizer que algo tinha havido determinado acontecimento em  Abaças (Vila Real) ou em Conceição (Faro). a maioria dos leitores ficaria na mesma. só quem está familiarizado com a zona - deve ser o caso de quem escreveu o artigo - é que fica logo situado. neste caso passa-se exactamente o contrário. ou seja, não se revela o nome da freguesia no título (Sá), nem o concelho (Monção), nem mesmo o distrito (Viana do Castelo. não vá algum leitor do Laranjeiro (já agora aproveito para esclarecer que é uma freguesia de Almada, na margem sul do Tejo) não saber onde é, a situação resolve-se facilmente. no título desta notícia sabemos que é algures no Alto Minho. esta região até pode ser das mais pequenas de Portugal mas, ainda assim, tem uma dimensão considerável.

sei perfeitamente que isto acontece sem qualquer premeditação mas é este tipo de acções que revela a forma como se pensa nos meios de comunicação em Portugal. sendo que são os media uns dos mais importantes veículos para a promoção da identidade de um país e do seu povo, era importante que se pensasse de uma forma mais igualitária e se tratassem as mais variadas zonas do território nacional sob uma perspectiva mais uniforme.

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