04 fevereiro 2012

o dia em que me vi no meio de um cenário de guerra

ontem esteve frio. nem precisava de sair de casa para perceber isso. parece basta estar menos de 10 graus centígrados em Lisboa para que as televisões entrem em modo gelado e os seus jornalistas armem um pandemónio porque, finalmente, os cachecóis que orgulhosamente ostentam desde final de outubro (praticamente no dia seguinte ao último banho que deram na Caparica quando houve uma vaga de calor anormal para a época) têm utilidade.

parecia o pânico. cheguei a ouvir na SIC que era preciso coragem para se sair de casa. oh minha menina, só aqui que ninguém nos ouve: as temperaturas estavam positivas!!! sabe o que é isso? frio é o que passam os transmontanos em todos os invernos. enquanto essa gente passa frio, a menina não precisa sequer de ligar o ar condicionado do Smart porque Lisboa é uma cidade amena. mas se, porventura, a temperatura baixa dos cinco graus positivos é motivo, no seu entender, para recuperar as braseiras de picão, vestir três polares, colocar duas mantas térmicas por cima e fechar-se em casa porque o tempo lá fora está frio. será que não pensou no ridículo da situação? se fosse a si cancelava as férias na neve. diz que por lá as temperaturas são negativas. sabia que os países nórdicos estão fechados por causa do frio desde o início de dezembro? tudo porque seguiram o seu conselho.

mas adiante. não foi a idiotice de quem escreveu absurdo texto que me fez bater nas teclas. ontem esteve mais frio do que o habitual. mas na minha incursão pelos trilhos alentejanos em cima da bicicleta, não só combati as baixas temperaturas como me vi numa situação... estranha. passei por uma zona de guerra. exclamam: "deves estar a gozar." mas não estou.

ia eu tranquilo nas minhas pedaladas quando passei por dois batalhões de formandos que estão no curso da GNR. a marcharem, armados, caras pintadas de verde camuflado, fardas azuis. lá iam eles. e eu segui a minha vida. nem liguei. não é que mais à frente dou de cara com mais dois ou três batalhões, carros de apoio, unidade móvel de assistência médica, entre outras coisas? que aparato. e ainda por cima estavam mesmo no sítio onde eu tinha de passar para seguir o meu caminho. sem parar, continuem e, a determinada altura, um dos formadores disse-me "está a entrar numa zona de guerra". apesar do tom não ser muito assertivo, achei por bem acelerar a pedalada e dizer: "eu vou-me já embora", não fosse o diabo tecê-las. não passavam de treinos, mas nunca se sabe no que aquilo pode dar e, por via das dúvidas, pirei-me o mais depressa possível.

(agora que penso bem, isto não conta muito como tendo estado num cenário de guerra. ainda assim, foi uma experiência curiosa.) ah, note-se que quando os homens marcham e o líder entoa um daqueles cânticos que os soldados têm de repetir, só os da frente é que dão uso às goelas. os que marcham mais atrás aproveitam-se do ruído e não contribuem nem um bocadinho para o ambiente. escusado será dizer que o espectáculo perde força...

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