05 fevereiro 2007

Frustração na hora de não votar

Há oito anos participei activamente em conversas de escola, tertúlias entre amigos e em outros tantos momentos onde discutimos a questão do aborto. Infelizmente, em 1998 ainda não tinha idade legal para votar. Por isso, nessa altura, não pude contribuir com o meu voto para evitar que, agora, voltássemos a ter novo referendo e discutir, novamente, a questão do aborto.

Há oito não tinha dúvidas, votava sim. Hoje, votava novamente no sim. Digo votava porque, antes de justificar a minha escolha, não vou poder, mais uma vez, colocar o “papelinho mágico” na urna. Não é o tempo quente, o sol, ou a praia que me impedem. Não são os centros comerciais ou os “enfadonhos” filmes que passam nas televisões nacionais (daqui excluo os canais por cabo porque esses são privilégio e não uma realidade em grande parte dos lares portugueses), exceptuando a RTP que actualmente até tem transmitido algumas séries bastante interessantes, que me “prendem” ao sofá e não me deixam sair de casa para cumprir o meu direito e dever (sim, porque votar também é um dever). Não posso votar porque este fim-de-semana disputa-se um rali do campeonato do Mundo e eu vou fazer a cobertura jornalística da prova. O regresso está agendado para domingo, mas quando o avião aterrar no aeroporto da Portela, em Lisboa, já as urnas estarão fechadas. Infelizmente não vou poder cumprir com uma das minhas obrigações enquanto cidadão.

Há oito anos não votei no referendo sobre o aborto porque ainda não tinha idade para tal. No próximo domingo voltarei a não votar por impedimentos profissionais e, por isso, sinto-me frustrado. Queria poder participar mais activamente nesta questão tão importante da nossa sociedade. No entanto, não posso deixar de dizer que, se pudesse colocar o boletim de voto na urna, votaria SIM.

Votaria SIM porquê? Porque sim parece-me suficiente. Mas não me fico por aqui. Também não vou alongar este texto, até porque hoje estou um pouco divagador (já se notou, não já?). Votaria SIM porque sou pela VIDA. E não sou hipócrita como aqueles que são pelo NÃO. Senão vejamos… no estado actual das coisas, quem em dinheiro e possibilidades, faz as asneiras e vai lá fora. Basta ir a Badajoz (hoje em dia, de Lisboa a Badajoz são duas horas de caminho) para abortar. Esta é uma forma fácil, eficaz e discreta de por termo a uma gravidez que não se deseja. Mas quem não tem essas condições o que faz? Ou assume a criança, ou sujeita-se a abortar debaixo de um vão de escada, sem condições de higiene mínimas, numa operação efectuada por alguém com poucos conhecimentos científicos e técnicos para realizar uma tarefa tão exigente em termos humanos. O aborto, esse, não deixa de ser feito, mas as probabilidades de se por termo à vida sobe exponencialmente. Esta teoria parece um contra-senso. Mas não é! Num estabelecimento dotado de todas as condições, a mulher aborta e perde-se a vida de um embrião. Na situação actual morre o embrião e pode, também, morrer a mãe.

Mas não é esta a principal razão que me faria votar SIM. Eu colocaria a cruz à frente dessa resposta porque sou pela liberdade de escolha. Há pessoas que podem ser determinante contra o acto de abortar, mas não podem tirar esse direito a outra mulher que o deseje fazer, independentemente das suas razões.

Bem, mas já estou farto de dissertar e divagar por hoje.

Penso que fui claro ao marcar a minha posição. Assim, todos sabem o que penso desta questão e, mais uma vez, têm toda a liberdade de rebater os meus argumentos ou concordar com eles.

Obrigado

1 comentário:

Eva Luna disse...

Para que saibas que já sei qual é o teu blog!!

Beijinhos