21 novembro 2006

Comprei o meu primeiro Moleskine

Sentirmo-nos um Hemingway, Picasso ou Van Gogh não acontece, certamente, porque temos um bloco de notas igual ao que estes senhores das artes usaram para criar as suas obras. Mas ajuda…

Era uma ambição já antiga. Há alguns anos que desejava comprar um Moleskine e, finalmente, comprei. Tantas foram as vezes que lhes toquei, que os apalpei, que lhes senti o cheiro. Era quase recorrente… sempre que ia à Fnac os meus olhos caiam, invariavelmente, sobre a prateleira destes blocos tão carismáticos e simbólicos.

Acabei por comprar o meu primeiro Moleskine assim do nada. A cor laranja de um logótipo chamou-me à atenção para as letras Bliss. Bliss? Lá dentro havia computadores, plasmas, e inúmeros aparatos (gosto do termo espanhol para a palavra aparelho, perdoem-me) tecnológicos. Mas, por outro lado, fiquei com a ideia que a Bliss não era apenas uma loja de electrodomésticos e produtos tecnológicos. Decidi entrar. Num ambiente simplista, sem que os aparelhos se encavalitem uns sobre os outros, onde a divisão de secções é evidente, tudo está quase obsessivamente arrumado. Inteligente, a forma como cativam a atenção dos clientes/consumidores… (Outras lojas, como a Worten, opta por uma estratégia diferente, de colocar os jogos, cd’s e dvd’s à frente. Resultado, o número de produtos é invariavelmente maior e as cores também são mais. O ruído e a confusão gerados aumentam consideravelmente). Só lá mais para trás estão os livros, os cd’s e os dvd’s. Procurava dois livros, e dirigi-me ao balcão para perguntar pelos ditos. Um deles, o do Rui Cardoso Martins, aquele que eu tanto quero comprar, estava esgotado. O outro, Cartas a Deus, havia, no armazém… “Eu vou buscar”, disse-me o senhor da loja. “Não se incomode. Não é preciso. Estou com alguma pressa”, respondi. Na verdade, já quase não pensava nos livros. Os meus olhos fixaram-se na capa preta, nas folhas amareladas, como se fossem do século passado. Havia vários Moleskine à minha frente e acabei por não resistir. Comprei o primeiro… espero que de muitos. Não é o convencional, é o dos jornalistas. Não abre na horizontal, mas sim na vertical.

Já escrevi os primeiros apontamentos, mas esses ficam para mim. Se assim não fosse não tinha lá escrito. Utilizava o “domingo de manhã”.

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