08 março 2012

o lodo político

a política tem o seu lado nobre quando praticamente por aqueles que se preocupam com a comunidade, com o bem comum. a discussão, o argumento de ideias, o debate devem ser fomentados e as decisões políticas são meritórias quando se opta pela melhor solução das existentes, sempre em benefício da sociedade em geral e não de alguns ou de uma minoria.

infelizmente isso não acontece em Portugal e, creio, na maior parte dos países que se auto-intitulam de desenvolvidos. hoje, dia da mulher, há histórias e notícias que nos fazem engolir em seco. para começar, com anos avanços, as mulheres continuam a receber menos que os homens em profissões ou tarefas iguais. no nosso país a diferença é de 13 por cento, melhor que a média europeia, que é de 17 por cento. mas em Portugal só 6 por cento dos cargos de administração são ocupados por mulheres, contra os 27 por cento da Finlândia. a este respeito estamos conversados. é mesmo triste, principalmente quando muitas empresas invocam o critério da competência para terem mais homens à frente dos destinos das empresa. enfim.

começou hoje o caso Freeport. não há nenhum político no banco dos réus. nem digo mais nada.

vamos ao que me levou a abrir o blogue e a escrever. ora há pouco tempo, o ministro da segurança social (ou deverei dizer da caridadezinha mesquinha?) anunciou que, por erro dos serviços, muitas pessoas estavam a receber mais do que deviam em subsídios e afins. como medida de justiça, esta gente, muita sem possibilidade de subsistência, teria de devolver esse dinheiro... a começar já. pois ontem descobriu-se que a Lusoponte, aquela empresa liderada por um antigo ministro de Cavaco (podemos até dizer que Ferreira do Amaral está para a Lusoponte como Jorge Coelho está para a Mota-Engil), cumpriu as indicações do Governo e cobrou portagens em Agosto na 25 de Abril. Como o fez, o Estado não teria de pagar quase 5 milhões de euros em compensações. mas, adivinhem, pagou. terá sido por engano comp nas contas da segurança social? dúvido. entretanto,há uma diferença entre estes dois casos: os dos subsídios da segurança social tiveram de começar a devolver. a Lusoponte, do subsídio das portagens, vai ficar com o dinheiro. a empresa já disse, ouvi na rádio, que não tencionava receber qualquer verba a que não tivesse direito. mas não tenciona devolvê-la. um secretário de Estado também já disse que não vai pedir o dinheiro de volta porque este ficará para pagar futuras compensações relativas a este ano. quais? já não há borlas para os utilizadores em mês nenhum. enquanto centenas de empresas vivem asfixiadas porque o Estado (seja central ou as autarquias) deve milhões e põe em causa a economia, os empregos e a consistência destas companhias, muitas delas pequenas e médias, há uma liderada por um antigo ministro de Cavaco que recebe a dobrar a tempo e horas e não devolve. é uma espécie de fiel depositário.

no meio disto tudo, o PSD veio dizer que a culpa é do PS porque este fez um contrato blindado com a Lusoponte (desta não esperava eu agora, sinceramente) e ainda disse aos socialistas para se deixarem de "chafurdice política" ao falarem de episódios menores, como este.

ah, creio que foi o vice-líder da bancada parlamentar que disse tudo isto e se justificou a incapacidade do Governo em recuperar o dinheiro pago com os contratos blindados, depois disse à jornalista da TSF, que foi possível tornear esse mesmo contrato na questão da cobrança das portagens em Agosto passado com situação difícil pela qual o país está a passar.

entre a chafurdice e o lodo políticos, venha o diabo e escolha...

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