23 fevereiro 2011

abuso policial ou não?

uma intervenção do grupo de intervenção da polícia prisional em Setembro, na prisão de Paços de Ferreira, esteve na ordem do dia depois do Público ter recebido, e publicado, um vídeo de toda a acção e no qual, a determinado momento, é disparada uma arma de descargas eléctricas apontada ao prisioneiro. este gritou de dor e caiu no chão.

já li inúmeras opiniões, quase todas elas a insurgirem-se perante a violência policial. não quero fazer juízos de valor. quero apenas deixar aqui algumas considerações/questões para reflexão.

parece-me óbvio que, atirar, mesmo que seja um choque eléctrico, a alguém assim do nada me parece despropositado, desnecessário, violento e, como li no Twitter, um atentado à própria dignidade humana.

mas será que foi isso que se passou. pelo que percebi, a acção foi protagonizada por um grupo especial, ou seja, uma força melhor preparada. não eram simples guardas prisionais. eram polícias de um grupo de elite, com um aparato de equipamento impressionante. eram, pelo menos, cinco homens para apenas um prisioneiro.

também ouvi na Antena 1 que esse prisioneiro se recusava a limpar a cela há meses. tal situação já tinha levado outros prisioneiros a queixarem-se e, inclusive, a ponderarem, ou mesmo a recorrerem, à greve de fome (bem, devia ser uma situação gravíssima, pois não me parece que as pessoas deixem de comer por "dá cá aquela palha").

também percebi que, antes do taser ter sido disparado, o recluso recusava-se a limpar a cela que, convenhamos, estava imunda. também aqui estamos a falar de um atentado à dignidade humana. e sabe-se que as autoridades prisionais não queriam que acontecesse.

perante este cenário, parece-me inconveniente e sem razão nenhuma de ser os pedidos, logo de imediato, para que o ministro da justiça se demita. que raio, está-se a partir de um pressuposto que toda aquela operação foi feita de ânimo leve.

eu não sou polícia e não percebo nada de estratégia policial, mas enquanto não souber ao certo o que fez o grupo de intervenção agir daquela forma não posso dizer que estamos perante um atentado aos direitos humanos, abuso policial ou violência gratuita. tudo isso pode ter acontecido, mas a acção pode ser justificada porque o Sr. Gouveia (é o nome do recluso) pode ser um cadastrado muito perigoso que pusesse, mesmo de cuecas, a segurança dos polícias em causa. nada disso se sabe e, como tal, alguma moderação quando se fala ou escreve seria sensata.

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