antigamente, lá na minha terra, todas as quartas-feiras havia um enorme rebuliço no centro, junto ao café Facha. era dia de mercado. os agricultores e negociantes de gado juntavam-se para estabelecer novas operações comerciais.
era comum ver-se pessoas a tirarem os maços de notas do bolso da camisa, cuidadosamente organizados e presos, ou com elásticos ou com clips. era assim que se fazia negócio. à vista de toda a gente.
hoje, vemos os países venderem dívida. sim, venderem o que já devem em operações estranhas para o comum dos cidadãos, como eu. não percebemos para quê estas operações. dizem os especialistas: "para financiar as operações." que operações? vão comprar um prédio novo? é preciso uma resma de papel para o Parlamento? ah, precisam de dinheiro para mais quilómetros de estrada? ah, se é para isso então estou a perceber, estão a pedir um empréstimo, como as pessoas fazem quando querem comprar casa, carro ou até uma televisão.
mas o Estado vende dívida... vende dívida como? estou confuso...
de qualquer forma, não é isto que interessa. estou aqui para falar dos leilões da dívida. na prática, vieram tomar o lugar dos leilões de gado. mas em vez de serem feitos às claras, para toda a gente perceber, não o fazem. metem juros, que são os mercados - essa entidade abstracta - que definem e já não há molhos de notas nos bolsos presos com um elástico, nem o cheiro a estrume do gado à espera de ser transaccionado.
mudam-se os tempos...
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