Se os automóveis precisam de um escape para expelir os gases provocados pela combustão desencadeada no interior do motor, também os portugueses sentem uma necessidade de encontrar um mecanismo para soltar o stress criado diariamente, ora pelos afazeres profissionais, ora pelas responsabilidades familiares. Infelizmente não há sistemas de exaustão eficazes que façam desaparecer esse mesmo stress ou nervosismo.
A solução encontrada por muitos foi a estrada. Fui vítima dessa explosão na semana passada. Não podia estar mais relaxado e tranquilo quando em plena entrada da auto-estrada, alguém completamente tresloucado ao volante apareceu do nada a alta velocidade para enfiar a dianteira do seu Mercedes no pequeno Toyota que eu conduzia.
Cada um saiu do seu carro. Os olhos irados mostravam a ansiedade de quem não tinha por hábito cumprir limites de velocidade. Será um hábito português fugir ao que está escrito na lei? Será que o facto de conduzirmos um carro que custa mais de 50 mil euros nos dá a legitimidade para passar por cima de tudo sem qualquer respeito pelos outros? Que noção de democracia e de estado de direito têm estes senhores que de senhores têm muito pouco?
Pelos vistos o dinheiro não compra educação. Comprovei-o na hora, ao vivo e a cores... Colocar o colete, o triângulo e ligar para as forças de segurança foram tarefas que eu próprio assumi. O outro senhor continuava a andar, de um lado para o outro, completamente fora de si. "O meu pai nunca teve um acidente", dizia-me o seu filho que entretanto tinha chegado ao local do acidente e também já tinha posto em prática a linguagem vernácula que, pelos vistos, aprendeu facilmente. E, lá no fundo, parecia estar orgulhoso de poder mostrar ao seu pai que tinha recebido todos os ensinamentos do patriarca.
São atitudes deste género que me levam a reflectir e a pensar no que estará mal. Não sou psicólogo nem sociólogo, e por isso ainda não encontrei soluções.
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