Ouvir o ministro Mário Lino dizer que a derrapagem orçamental nas obras de reparação do túnel do Rossio na ordem dos oito milhões de euros (7,7 milhões, para ser mais preciso), o que significa cerca de 20 por cento mais do que o orçamentado, não é muito, é mesmo pouco deixou-me chocado. Primeiro, porque ao dizer isto está, declaradamente a gozar com todos os portugueses, pois o dinheiro é dos contribuintes que trabalham, que se esforçam, que sofrem, e a desdramatizar um aumento colossal. Já pensaram bem o que são 7,7 milhões de euros? Não me parece que seja pouco nem normal que aconteçam escorregadelas desta monta. O problema é que neste cantinho à beira mar plantado isso é, de facto, a rotina, o normal, a regra.
Foto: Portugal Diário
Mas o que me chocou mais foi depreender algo extremamente preocupante das palavras de Mário Lino (é o mesmo que disse que abaixo do Tejo só havia deserto. Alguém se lembra?). O Público de ontem noticiava em primeira página que em Portugal há dois milhões de pobres, dos quais 740 mil vivem com menos de seis euros por dia. Ora, se Portugal tem cerca de 10 milhões de habitantes, quer dizer que os tais dois milhões são cerca de 20 por cento da população total.
É chocante que, na mente de um ministro, ter 20 por cento da população pobre é normal, é pouco, mesmo sendo o país membro da União Europeia e (supostamente) desenvolvido. Shame on you Mr. Lino! (Critiquem à vontade esta conclusão, mas em Filosofia sempre me ensinaram que podiamos tirar conclusões através do processo de indução (de um caso genérico para um em particular) ou de dedução (de um caso único e particular para os genéricos). Neste caso utilizei o segundo).
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