antes de começar a discorrer a minha raiva, tenho de avisar que este texto pode ser agressivo e, de certa forma, preconceituoso.
esta noite fui ver Meia-Noite em Paris, o último filme realizado por Woody Allen. cada vez gosto mais das suas obras. uma história deliciosa e romântica que nos transporta para o passado. tal como o protagonista, não me importaria nada de, mesmo que por momentos, conviver com ícones da nossa literatura e das artes plásticas do século passado, como são Hemingway, Dali ou Picasso.
não foi, porém, o filme que hoje me levou a escrever. estou farto de assistir a tremendas faltas de educação. a projecção aconteceu no auditório da Escola Superior de Educação de Portalegre, numa iniciativa do Politécnico que leva o cinema aos estudantes e à comunidade. ninguém paga um tostão para ver bom cinema.
pois bem, parece que a iniciativa não é assim tão meritória, talvez por ser gratuita para os que assistem aos filmes. a sessão estava marcada para as 21 horas, mas foram muitos, cerca de um terço da plateia, que chegara, atrasados. como se isso não bastasse, ainda fizeram barulho, como se fossem pingentes da escola primária a entrarem para mais uma aula. não o são, mas, a avaliar pelo seu comportamento, a educação nas suas casas foi muito fraquinha.
infelizmente, não foram os únicos a precisarem de lições de educação intensivas. meia dúzia de meninas, e até uma senhora de meia idade, viram o filme. ou melhor, viram parte. porque em grande parte do tempo passaram-no a trocar mensagens via telemóvel, com aquelas luzinhas brancas irritantes que, num local escuro que deveria ser iluminado, apenas, pela tela, se tornavam quase intoleráveis.
foi preciso respirar fundo muitas vezes para não pegar nos aparelhos e parti-los. vontade não faltou!
no meio disto tudo, acho inadmissível a forma como pessoas bem formadas (supostamente), que frequentam o Ensino Superior, não saibam, afinal, o que é uma sala de cinema. a boa educação nunca fez mal a ninguém. bem pelo contrário. numa época em que falamos em competitividade, em soluções para a crise, acho que era preciso começar por aí, por educar bem as pessoas. não só formá-las para serem bons profissionais. de que vale alguém ter os conhecimentos se não sabe viver em sociedade?
aquelas meninas impertinentes vão ser, provavelmente, assistentes sociais, professoras de Primeiro Ciclo, educadoras de infância ou jornalistas. penso nisso e fico logo entusiasmado com o futuro... bem, se calhar não!
eu adoro cinema mas, não há dia nenhum que entre numa sala e não pense: "mas porque é que eu vim? tinha visto o filme em casa descansado e sem miúdos mal comportados a estragarem tudo."
2 comentários:
A educação e um valor que os pais não sabem transmitir aos filhos! :/
podes crer. não tenho dúvida nenhuma. é preciso saber estar. mas esta malta não faz ideia do que é isso.
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