Princípios e valores são palavras que me dizem muito. No meu entender, a sociedade que defendo não existe sem as máximas pelas quais regemos a nossa vida. Como é de calcular, refiro-me a conceitos de honra, palavra, honestidade e outros que acredito poderem ser eixos vitais para que todos possamos viver melhor, em sintonia.
Mas, cada vez mais dou razão àqueles que me diziam que só as crianças podem manter a ilusão e pureza para acreditarem num mundo melhor. Sou optimista por natureza. Por isso, continuo a defender que podemos mudar o estado de coisas. Sei que, com persistência, podemos ter uma sociedade mais justa, mais igual. Não me refiro apenas ao binómio pobres e ricos. Falo sim de uma igualdade de princípios em que o respeito é mútuo.
Sempre conheci pessoas que não olham para a vida e para a sociedade dessa forma. Vale mais passar a perna ao parceiro. Afinal, por vezes, “o crime compensa”. Pelo menos é o que essas situações me fazem pensar. Não quer dizer que mude, que passe a praticá-lo. Neste caso em particular não tomo o partido do “se não os podes vencer então junta-te a eles”. Nada disso, continuo a pensar que, se me manter fiel aos meus princípios, posso “vencê-los”.
Digo isto por uma questão em particular. Recentemente, voltei a presenciar, ou melhor, a ser um dos agentes (passivo neste caso) da falta de carácter de alguns.
Quando me dizem algo, tenho por hábito (por princípio, cá está) acreditar que o que me dizem é fiável, que é verdade. Penso assim quando olho para pessoas que me transmitem garantia, confiança. Mas, há muito bons actores. E, mais tarde, acabamos por ser confrontados com a realidade. Muitas vezes, essa não é nada positiva.
Quando trabalhas e te prometem o aumento do ordenado para uma data ficas na expectativa. Mas, quando te apercebes, esse limite já passou e o dinheiro a mais não chegou. Confrontamos quem fez essas promessas e a resposta é: “afinal vai ser no mês X”. Mas quando já estás em X e o ano está a acabar, o acréscimo do ordenado não se confirma. Voltas a questionar, mas pelos vistos, a política da empresa é fazer os aumentos a todos os seus empregados no início do ano. Pensas: “Bem, se é assim então vamos esperar e depois pagam os retroactivos”. Mas não. Festejamos a passagem de mais um ano mas a folha de vencimentos continua na mesma. Voltas à “carga”, mas a resposta é clara: “Os aumentos só são feitos em Março, com os devidos retroactivos. E fica descansado que apesar de não podermos dar-te mais do que Y, vamos, com certeza, dar mais que Z”. Começas a pensar, a acreditar que agora é que as coisas vão ficar melhor. Errado. És estúpido? Não vez que estão a enrolar-te? Pois é, Março chegou e o aumento chegou, mas, ao contrário do que pensavas, os valores ficam muito aquém do que te tinham dito.
Não penso duas vezes! Vou directamente ao gabinete do “chefe”. Mas este, confrontado com a situação, diz que tem de “ver as folhas”. Uma manobra de evasão? Não, devo ser eu que já tenho a mania da perseguição.
Mas afinal não estou errado e, quase dois meses depois (às vezes consultar as folhas demora muito tempo) dizem-te que afinal o aumento falado é só para o final deste ano. Eu tinha “ouvido” mal. E é melhor não me queixar porque, afinal, a quantidade que recebi a mais é superior ao que representa a inflação. Que sortudo que eu sou! Tenho um patrão tão generoso que até me oferece dinheiro ao desbarato.
É pena que tenhamos de conviver diariamente com pessoas assim. Gente que, de uma forma ou de outra, tentam ser mais espertos que os outros, que tentam tramar aqueles com quem se trabalha. O que mais me incomoda é que, muitos deles conseguem subir… à custa de outros. É triste olhar para a nossa realidade e ver que há gente assim! Mas uma coisa é certa: da minha parte vou continuar a ser eu mesmo e vou lutar, como puder, contra este tipo de atitudes. Se puder contribuir para que haja mais carácter entre aqueles que nos rodeiam, então vou fazer tudo para que isso aconteça.
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